quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Quando Você Me Confunde


Era uma vez um menino, que encontrou alguém e esse alguém sorriu pra ele. Eles falavam de temas transversais e descontínuos, riam das mesmas piadas e se abraçavam em ligações que viravam as noites. A confiança foi estabelecida e o menino estava falando para ela o que estava dentro dele, o que ninguém sabia. E ela fazia o mesmo, abriam feridas para finalmente cicatrizarem, juntos.
Era um bálsamo aquelas conversas. Carlos, que era sempre fechado, sempre se embaralhava quando ia contar um segredo e chorou na noite que mostrou a Elza o seu lado mais escuro. Elza era levada, brincava com tudo e encucava com a mania dele de ser ele. Ela não tinha um lado mais escuro porque todos os seus lados estavam debaixo da luz, e a única escuridão estava em sua sombra que não se formava, ou via.
E assim eles passaram as semanas. Com sorrisos tortos e silêncios que preenchiam as ondas das ligações com sentimentos que não seriam encontrados em todas as palavras que uma onda pode levar. E ele aprendeu a confundir o que pensava sobre ela. O que pensava sobre ele mesmo.
Elza não queria saber dos outros, estes que se encontrassem na fila que existia atrás de Carlos. Eles viviam em uma bolha que se formava ao redor deles. Conversavam sobre o futuro e faziam planos de conhecer todos os locais criados pelo homem, todos os locais que seus pés pudessem levar, todas as pedras da cidade...
E as decisões chegaram. O clima mudou, o tempo e a sensação dele. A distância que se formava espaçava a bolha e criava buracos como os da camada de ozônio, em que não se percebe os danos até que se sinta os primeiros sintomas dos raios que atravessaram aquele espaço.
E Carlos se sentia sozinho e tinha apenas uma foto tirada em sua polaroid para lembrar do sorriso de Elza. Mas Elza mudou, ela não fez por maldade... mas sua vida parecia funcionar sem ele, e acabou por funcionar.