Escrever-te flui, tal qual flui o pensar, pois conto com a liberdade e o zelo de quem me lê com olhos de quem ama, mas a palavra pro público me parece presa. Sinto que no meio de tantas amarras da expectativa, as da forma e estrutura me preocupam.
Respiro como quem tem pressa, mas vejo ela sempre aqui. Presença essa que me é constante. Tu consegues ver essa pulsão da escrita junto a minha sombra ou isso é reconhecível apenas por quem também é perseguido? Nós, escritores, andamos tal qual cachorro farejando essências, farejando qualquer motivo que inspire uma palavra.
Ultimamente tenho tentado entender essa felicidade que chega e invade quando se tem uma frase ou um pensamento poético construído, todavia não o faço sem escrever. Quanto mais busco razões passo a entender que a melhor felicidade é aquela provida da inocência.
Pare um dia num parque e observe como correm os pequenos. Estes nem se perguntam a razão de brincar ou correr, procuram apenas a extrema alegria. Cá estou eu, buscando um motivo pra correr. Correr entre uma palavra e outra. Correr em busca do melhor sinônimo pra casar as ideias. Correr pra te dizer que tentarei não parar e entender a escrita, apenas seguirei até finalizar o próximo verso.