Tudo começou quando eu pensei que aquela noite seria o fim
de um desejo. Em um estacionamento vazio, com várias desculpas, consegui fazer
você me seguir. Descendo os degraus da insegurança e tentando te fazer sentir o
que eu esperava, como se o aqui e o agora fossem as únicas coisas que
importassem, como se você pudesse fechar os olhos naquela noite e me imaginar
em seus pensamentos mais íntimos. Com uma vontade de arrancar sua pele entre
abraços e calorosos beijos senti o que estava em busca. Sua timidez alimentava
minha coragem e me fazia querer vencer essa barreira. Os longos momentos que
seguiram os beijos foram os mais curtos com a sensação mais duradoura que tive
em todas as horas que lembro ter vivido, aqueles momentos em que eu sentia o
seu cheiro e o sabor da sua pele, aquele momento em que as roupas
incomodavam... Sim, eu queria suas mãos trilhando caminhos desconhecidos do meu
corpo, queria sua respiração ofegante por sentir o calor que eu conseguia
transmitir com tanto esforço, queria que você sentisse que era ali que você
deveria estar, mesmo quando seus pensamentos teimavam em divagar por caminhos
que teremos que trilhar juntos.
Você, com olhos úmidos, me perguntava como seria o futuro a
partir daquele momento. Eu queria saber as respostas, como eu queria. Acariciar
teu rosto e tuas curvas foram a respostas que encontrei para te acalantar. Aquele cara que te abraçava fortemente sentia
a mesma preocupação, mas por que admitir isso naquele momento? Por que sucumbir
ao peso de tais pensamentos que nos impedem de viver intensamente? E ele queria
que você sentisse o quanto ele poderia te amar, o quanto ele poderia se
esforçar para te proteger dos seus medos. Porque você não acreditava? Por que
você teimava em não aceitar o que estava tão óbvio? Todos os momentos foram únicos.
Depois você se despediu com um aperto de mão, como se nada do que havia
ocorrido pudesse ser revelado... e não podia. Eu olhei nos seus olhos e senti
que você desejava mais, e eu estava ali, desesperado e pedindo mais tempo. Por
que temos que nos despedir quando a noite está apenas começando?