Ela formou-se em direito, Magna Cum Laude, orgulho
da família. “Quem diria que chegaria tão longe, quando parecia ser tão
desajuizada”, diziam os parentes mais longínquos, no entanto, até então ela não
havia parado para pensar que poderia ser antes de um problema para os outros,
um problema para si mesma.
Ao voltar do trabalho, encontrou a
palavra “problema” num desses cartazes publicitários que passam por a gente na
vida. Chegou em casa, colocou a chave na mesa da sala como de costume e após
livrar-se de tudo o que a cobria, foi ao chuveiro. Ela fechou os olhos e sua
mente começou a pensar nos problemas. Logo, abriu as pálpebras e assustou-se com aquilo. Fechou os olhos
novamente e com os novos problemas, uma pequena angústia cresceu no seu
estômago junto com o sanduíche que havia comido no almoço. Sem saber porque
pensava aquilo, agora queria respostas que o estudo e a experiência não lhe
davam.
Desligou o chuveiro e, sem se secar,
correu para a cama. Se cobriu e ficou de olhos abertos vendo o branco de seu
lençol e aquilo a acalmou. Começou a achar que a água saída do chuveiro havia tirado as camadas que
haviam por cima de todas aquelas indagações. Decidiu que não voltaria a se
preocupar com isso e não pararia para pensar nos problemas de novo.
Começou a evitar o banho, os sinais
de trânsito, as pausas para o café, as filas, as ligações de parentes e com um
mês, já havia desistido de sair de casa. Muitos anos se passaram e no último
bater das asas da vida, percebeu que não havia vivido por ter medo dos problemas.
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